sábado, 18 de junho de 2011

OS DIAS DO ESCORPIÃO

Depois de dias recluso, perdido em seus devaneios, saiu fora de casa e olhou em seu quintal para o céu – cabelo grisalho encaracolado caindo sobre os olhos, barba por fazer e os olhos fundos estranhando qualquer tipo de luz que fosse – viu a constelação de escorpião. O monstro gigante parecia ter sido desenhando por Leonardo da Vinci. Prepotente, ostentando sua beleza acima das outras constelações.

Três estrelas formavam a meia abóbada de cima definindo cabeça e tentáculo e uma linha desenhava a curva do corpo que findava com a calda ameaçadora, e entre a cabeça e o corpo um coração violentamente pomposo mudava de cor em dinâmicas plásticas tal qual Van Gogh saberia muito bem pintar segurando um candeeiro como em Noite Estrelada.

Entendeu que aquele era o momento de fazer a barba, cortar aquele cabelo imundo e organizar seus livros na estante. Ver gente! Ficar mais um pouco exposto a luz do sol e daqueles postes que circundam a sua Alameda. Eram os dias do escorpião, tal como nunca fora visto em dias anteriores de suas ciências dementes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Aí, Rivas, gostei do post.
Carlos de Bayma.

Seguidores

Revista Palmito City