sábado, 23 de julho de 2011

CRÔNICAS INTOLERANTES: O NÓ DO CADARÇO

Saltou da cama, descomprometido com horários e pessoas, mas precisava cruzar duas alamedas a pé até o mercado para comprar aguardente e comida, se quisesse ter um dia sem incômodos. E foi nessa hora que sentiu algo estranho ao calçar o seu tênis do pé esquerdo – o lado que cabe a sua destreza e habilidade manual. Mesmo assim, andou a extensão necessária sentindo sempre algo fora do normal no pé esquerdo.

Sentado no sofá tirou o tênis fora e verificou o que tanto lhe inquietava e lembrou: era o nó do cadarço do pé esquerdo que estava amarrado diferente.

Geralmente ele compra o tênis e põe os cadarços de um jeito só. Amarra cientificamente igual, de modo que a pressão sobre a parte que aperta fique sempre fácil de meter o pé no tênis sem que haja problema e nunca mais mexe nesses cadarços. Lembrou, pois, fora ela que na noite passada sentada na grama meteu a mão no seu pé e tirou o cadarço e simplesmente os colocou novamente.

Recostou-se um pouco mais no sofá olhando para o teto e sorria sozinho lembrando do momento em que ela ficava tão calma arrancando os cadarços do seu tênis e os colocando de novo.

Aquele sorriso que produz calma, aqueles olhos por trás dos óculos lhe fazendo feliz e infeliz ao mesmo tempo.

O nó do seu cadarço já não era o mesmo, assim como ele também já não o era.

Um comentário:

Diane disse...

Já notou que algo por mais simples que seja pode mesmo fazer toda diferença em nossas vidas? Ah... ja sim!

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