sábado, 6 de agosto de 2011

PALMITO CITY EM AGONIA

Intolerante

A cortina de calor se estendeu sobre o céu da cidade. Como um manto, uma abóbada feita com tecido de mercúrio e revestimentos externos de latão.

Garrafas de cervejas são esvaziadas aos goles em cada bar, em cada canto onde possa fugir da agrura que cai de cima. O velho olhou para cima e disse: “e o fim dos tempos” e sua filha mais sabida disse a ele que aquilo eram mesmo ações dos homens desmatando, jogando mantos de concreto onde deveria haver mais chão verde, de preferência piso natural.

Até Epifanio, que pouco sai de casa, procurava a beira de algum lugar que pudesse ter água para ficar refrescando a cuca tão anestesiada pelo calor das paredes e teto de seu esconderijo.

Em dias de chuva, fiquem sabendo, não é assim, tem dias que gela mesmo, e foi quando a moça que veio do sul passar as férias na casa da tia lhe respondeu: “Difícil acreditar que haja pelo menos um dia de refrigério neste lugar!”.

Mas essa terra que queima a pele em determinados dias do ano, também consola na estação vindoura, por enquanto, os corpos ardem em calor e as almas ficam atormentadas por paz. Quem sabe não seja um bom momento para refletir sobre o valor que uma vida sossegada tem, de modo que a gente faça menos besteira e se mantenha cada vez mais sob a perspectiva de sempre fazer a coisa certa.

Nenhum comentário:

Seguidores

Revista Palmito City