terça-feira, 4 de agosto de 2009

A BALBURDIA DO MEDO


Terça, 04 de agosto de 2009, Curitiba – Paraná – Brasil. Daqui a pouco é hora de ligar a TV e assistir mais uma vez as noticias a respeito da pandemia que desgasta a vaidade dos burgueses desta cidade. Durante toda a minha vida eu nunca cheguei a presenciar tanta balburdia por causa de uma doença.

Enquanto a cidade chega a 5 graus centigrados, eu ando pelo dia e noite sob um céu de âmbar vendo os rostos de pedra e expressões frias de brancos que se cruzam pela rua 15 indo e vindo olhando fixo para frente, mas sendo que o seus olhares parecem estar voltados mesmo para dentro de si, como que se meditando, pensando, de certo modo calmos, por outro lado aterrorizados por aquilo que o jornal local já chama de “nível”, ou seja, aquilo que a epidemiologia divide em momentos de perigos onde uma comunidade pode ser colocada em quarentena.

Estamos no nível dois. Se o nível avançar, como declaram, comércios, shoppings, escolas e tudo o que possa se chamar de aglomeração serão fechados.

Um paradoxo, porém. A TV circula uma propaganda de terror minuto a minuto dizendo: “se alguém espirrar ou tossir perto de você ponha uma mascara!”. O problema é que é difícil um branquelo cheio de Mac Donald´s e Coca Cola no bucho vivendo em uma Cidade gelada não espirrar ou tossir. O paradoxo é que enquanto nas ruas as únicas pessoas que usa m mascaras são os Emos, por que o artefato combina com o cabelo caído sobre os olhos, para quem fica em casa vendo Jornal, acredita que todos estão muito bem protegidos e assustados, deste modo, fica a mídia de um lado com uma informação e de outro a população pronta para ser exterminada caso se cumpra a profecia midiática.

Ontem eu notei que a cidade está limpa. Não existe “preto” nem mendigo e nem menino de rua. Fiquei feliz. Pensei: lugar perfeito! Deve haver uma política municipal que cuida deste lado, e existe, um camburão, no melhor estilo carrocinha de cachorro que recolhe esses miseráveis das ruas e entulham em albergues, estes, no tratado da evolução é o que Darwin chamava de “os não resistentes”. Só os fortes sobrevivem e para os neonazistas desta cidade entendem que os não resistentes são os de gene fraco que pertencem a classe inferior e que somente alguns passaram para a próxima espécie da evolução, contudo, a raça resistente é aquela que fica tranca nos apartamentos com alimentos estocados discutindo filosofia social e sem contato pessoal com quem quer que possa transmitir o vírus. E os não resistentes estão amontoados sob um frio angustiante espirrando e tossindo uns sobre os outros, com pneumonias e todas as doenças pulmonares catalogadas.

Chegou meu coletivo, ironicamente está marcado com o selo da besta (o número 666) e escrito dizendo que vai me levar para o NOVO MUNDO, tomara que o novo mundo não seja aquele velho em que os burgos foram assolados pelo mal da época, A PESTE NEGRA!

Um comentário:

NAUSEARRÉIA ZINEBLOG disse...

Iae qual é o Novo Mundo?

bom texto e boa história pra contar!

abraços, Kodó!

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