FOTOGRAFIA: RENATA, UM OLHAR QUILOMBOLA

Foto tirada por Renata em suas andanças entre os Quilombolas do Tocantins. Na ocasião, imagem capturada de Quilombolas da Barra do Aroeira e Redenção/Municipio Santa Tereza e Natividade.

Se dor, distração ou simplesmente reflexão, o certo é que o olhar nesta foto sugere uma comunicação intensa entre a pessoa muda e sua realidade para os que a assistem da janela de fora.

Mas melhor não falar em dor, melhor imaginar que este olhar enfatiza a condição do índividuo que resiste aos vitupérios da modernidade. Resiste vilipendiado, explorado, adulterado por um sistema que assalta sua cultura, mas que se esquece de suas vidas.

Não são infelizes por não terem os orgasmos consumistas, eles têm a dança, o nascer do sol, o barro e as plantas. Eles têm as crianças correndo no terreiro, seus pássaros e a farinha. Até quando o interesse pelo nosso belo colocado a venda pela caixinha de transitores levado pelas parabolicas ira subtrair seus valores, não se sabe, mas o olhar, sim, olhar, ele diz alguma coisa.

In memorian.

Céu me dá um sinal, diz que vai chover
Mostra pra esse povo que a erva vai surgir
Dos torrões do semi-árido.

Quando olhei a terra ardendo, quá fogueira de são joão
Peguntei a Deus do céu pruqué tanta judiação
Não entendo a ignorancia, as crianças com os pés no chão
Havendo tanto dinheiro porque falta tanto pão?

Sertão tocado a lata, preces suspensas no ar
O povo não vê saida
Nao cai a chuva
E ainda assim se canta
Só não se descobriu o rumo de onde mora a chuva
O Deus da chuva e do ar
A fé que nos é dada quando o sol nos descansa

O povo parece não saber
O povo parece não saber
Povo parece não saber
Povo parece não saber.

Sertão (banda HTTP)