quinta-feira, 17 de março de 2011

EDITORIAL MARÇO DE 2011

A CIDADE DO VAZIO

Não obstante sua ocupação concretada, digo, sua estética urbana – e isso é a única coisa que me encanta nela – Palmito City é uma cidade do vazio. Transeuntes com olhares egoístas e empinados te olham diariamente como se fossem eles mesmos os próprios donos da cidade. Herança maldita, talvez, do mísero histórico que ela sustenta de cada qual achar que a ele pertence cada palmo que pisa.

Deuses paupérrimos, vestindo roupas empobrecidas voam sobre a cidade como nuvem de gafanhotos em ricas plantações, sugando, devorando, consumindo cada fio de pureza que possa encontrar nas almas dos inocentes recém-chegados. Fazem isso adaptando, moldando, encaixando dentro do padrão miserável de identidade que já de algum tempo toma forma.

Resultado desta esdrúxula maldição é o vazio. O oco dentro das meninas que querem ser amadas por alguém bacana, mas forçadas pelos caprichos de pertencer a única tribo existente, a dos medíocres, preferem não serem originais a fim de satisfazer esses tais caprichos implantados. Outrossim, os garotos se perdem na vaidade ter que ganhar dinheiro suficiente para comprar essas putas enlatadas, com menos valor que qualquer donzela que fode alguns minutos com o desconhecido que pelo menos lhe paga pelo que come sem precisar mentir.

Talvez o fato de a cidade ser vazia é o de que pouca gente cresceu por aqui. Quem sabe essa molecada que está saindo das escolas ditem algo diferente do que esses velhacos com cara de mocinhos vêm orientando.

Enquanto isso os caras e as meninas legais continuam trancados em suas casas lendo consigo mesmo livros bons, ouvindo música boa que julgam só eles ouvirem e discutindo com seus amigos imaginários do Facebook e outros portais dimensionais que para tais são bem mais satisfatórios do que o contato pessoal.

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