quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O QUE O LIXO DO RICO TEM QUE O DO POBRE NÃO TEM?



É fácil olhar para as pessoas pobres e sem grana para consumir produtos etiquetados vendidos como ornamentos de gente inteligente e lhes chamar de burras por que vão ao show de forró na Praia da Arno e do Prata ao invés de ir assistir ao show do Caetano ou do Chico Buarque no Espaço Cultural (comparativamente falando) quando se tem folga para pagar entradas caras em espetáculos frescos vendidos como cult.

Também não é diferente criticar as donas de casas que se juntam para badalar sobre o Caminho das Índias, ao invés de estarem falando sobre a peça que veio na cidade onde a entrada não passava de míseros 90 reais.

Livros! Disse o intelectual tomando seu bourbom importado para os demais em uma reunião sobre discrepâncias sociais. Essa gente precisa de livros! Se lessem mais, duvido que haveria tanta ignorância.

E foi assim que o aluno universitário empolgou-se com a indicação do livro de Paulo Freire – A Pedagogia do Oprimido, mas assustou – se ao chegar na livraria e ver que ele era um dos oprimidos que não tinha condições de compartilhar das informações a respeito de Pedagogia de Libertação, Oprimido ou seja lá o que for, a não ser que se esqueça das necessidades pessoais em função da ânsia do aprendizado.

A informação necessária para a transformação da sociedade acaba sendo tao cara, mas tão cara que fica retida ao gozo de poucos, poucos que podem pagar por ela.

Boas música, arte plástica, filmes, livros, gibis, teatro, cinema, fotografia, alimentação natural, viagens e moda, são coisas que o jovem deve consumir de cedo para construir uma visão de mundo estruturada pra poder competir com os demais animais na aterrorizante selva das separações por identidades.

E é assim que o estado capital separa as classes. Esta é a única forma de manter a muralha levantada, e que, de um lado ficam os ricos e abastados com acesso a informação privada e fazendo inveja a quem está do outro onde o lixo é jogado e comem apenas aquilo que é ofertado pela feira barata da adulteração ao bom senso.

Quando um destes ratos que vivem sob o escabelo dos pés dos filhos “informados” saltam para o nível superior e conseguem de alguma forma consumir os produtos trancados, se tornam deuses. Estou dizendo que se um destes jovens chamados de “burros” ascendem a condição de “informados” dominam o mundo. É uma questão de direito sim, direito subtraído.

Veja bem! É importante que os malditos ricos, intelectuais e elitizados tenham as chaves do mosteiro que esconde as mensagens do oraculo que orientam na vida. É importante esconder do filho da empregada o 1984 de George Orwell, pois vai que esse negrinho leia esta porra e tome noção do controle do Big Brother e passe a raciocinar a respeito da liberdade e justiça e ao invés de achar o patrão de sua mãe bonzinho por que lhe deu os tênis surrados do seu filho por que o outro já ansiava os da nova estação, conclua que o escroto não passa de um rato imundo.

Livros de arte e musica, os dois antídotos principais para a condução a compreensão da vida, você já viu quanto custa? São as categorias entre os gostos mais populares, como biografias dos Beattles, Bob Dylan e outros mais caros que se pode ver em uma livraria.

O cara entra numa porra dessas para comprar um livro com pinturas de Rebrant, pelo menos pra ficar olhando e viajando nas pinceladas do cara, nos cobram o preço da alma por um artefato de papel que parecem mesmo estar cobrando a própria tela do artista.

Não entendeu ainda? É a única forma de perpetuar gente por baixo é encarecendo o conhecimento, privando. Deixando a parte da sociedade pobre a mercê da TV e das fofocas equivocadas sobre politica, filosofia e trabalho com a intenção de manter o controle. Sim! É isso mesmo! Se o pai de família aprende que trabalhar que nem um jumento em um empresa em horários dobrados é honroso e que se posicionar contra o Estado e o mecanismo mercantil é leviano, o sistema controlador consegue então que se tenha toda a vida uma classe escrava conformista e satisfeita por se aposentar com hernias de disco, desvios de coluna, neuroses e uma séries de outros males que se acumularam ao longo do tempo por barulhos de maquinas, força excessiva ou noites em claro.

Quando o filho do pobre sonha em ser músico, desenhista ou coisa parecida, a família é a primeira a dizer que isso é coisa de vagabundo, que não está certo, que deve ser doutor, adevogado ou qualquer merda do tipo, mas o filho do rico, já nos primeiros anos tem aula de piano, bale, arte, canto, fotografia e coisa parecida, por que o pai quer que seja artista. A família do pobre é estupida? Claro que não! A família sabe que o conhecimento e a formação necessária para um pobre neste tipo de coisa, não obstante o talento, está distante demais de suas condições, além do que, já lhes foi ensinado de cedo que ser feliz é ser fichado em uma firma e assinar a carteira para conseguir formar família e morrer em paz. E assim se perpetua o conceito de cidadania, que de outro modo é nada mais do que a forma de manter as catracas da ordem em funcionamento.

A Republica Federativa tem interesse nisso. Por isso seus cursos de “salva jovens” só servem para desvios de verbas e publicidade política. Não dão chance coisa nenhuma a jovem algum, por que o Estado não vai jogar files de carnes para os Bárbaros do outro lado do muro, pois se fizer eles se fortalecem e acabam por derrubar as muralhas romanas de vez.

Que prevaleça o alto preço do conhecimento. Que continuemos a meter o pau nos pobres burros e arrogantes que não ouvem o rock do bom e nem lêem os livros necessários para ficar falando bosta em rodas abusivas de soberbos e bajuladores.

Que seja pago o preço alto pelas marcas figurantes de tudo o que se chama conhecimento valorizado pela sociedade estupida. Que seja feito isso! E assim, enquanto uns se gloriam por saber isto ou aquilo, que outros padeçam por não saberem nada. Que seja pago o alto preço do conhecimento!

4 comentários:

Reilustrando disse...

um belo tratato sociológico Sr. Intolerante... pena que as tais barreiras impostas impedem que mais pessoas possam partilhar e discutir tais informações!!!

Anônimo disse...

Muito bem, Intolerante!

Com a velocidade da informação a cada dia ainda mais veloz, alguns se apresentam, hoje, conhecedores de tudo, sempre amparados em formatos de conhecimento geridos pela mídia (e embalados pelo modismo), ridicularizam o conhecimento, antigo, passado e conteporaneo, e norteiam um futuro cada vez mais ignorante.

o cara que pode pagar pelo conhecimento (inclusive o que compra o certificado comprovador do saber), usufruta dominante (dignamente e corruptivamente).

já, o que trilha os caminhos do conhecimento pelo seu próprio esforço, e justo conhecedor ainda tem a missão de provar seu saber a dgnos imbecis ignorantes.

Anônimo disse...

O esforço nos torna intolerante mesmo e as vezes fugidio.

Dou graças ao conhecimento, e que chegue um tempo em que se quebre as barreiras, que todos participem e que possamos desenvolver.

luislzd disse...

dou me a fé grande homem !!! mas nao perco o meu ideario !!! palavras professadas com grande sabedoria a vossa, porem por poucos alimentada,

cabe o pensar ?

háveras o dia do julgamento dos insolentes e estes se supreenderas ? ou acabaremos como esses "escravos conformistas" na sociedade ??

Seguidores

Revista Palmito City