quinta-feira, 13 de novembro de 2008

ARTE MARGINAL. FOTOGRAFIA E POESIA

Hemerson Silva. O fotógrafo visto por sua própria lente

Só quando transgrido alguma ordem o futuro se torna respirável

Se cada hora vem com sua morte

Se o tempo é um covil de ladrões

Os ares já não são tão bons ares

E a vida é nada mais que um alvo móvel

Você perguntará por que cantamos

E nossos bravos ficam sem abraço

A pátria está morrendo de tristeza

E o coração do homem se fez cacos


Antes mesmo de explodir a vergonha

Você perguntará por que cantamos

Se estamos longe como um horizonte
Se lá ficaram as árvores e céu

Se cada noite é sempre alguma ausência

E cada despertar um desencontro

Você perguntará por que cantamos


Cantamos porque o rio esta soando

E quando soa o rio / soa o rio

Cantamos porque o cruel não tem nome

Embora tenha nome seu destino

Cantamos pela infância e porque tudo

E porque algum futuro e porque o povo


Cantamos porque os sobreviventes

E nossos mortos querem que cantemos
Cantamos porque o grito só não basta

E já não basta o pranto nem a raiva

Cantamos porque cremos nessa gente

E porque venceremos a derrota

Cantamos porque o sol nos reconhece

E porque o campo cheira a primavera

E porque nesse talo e lá no fruto

Cada pergunta tem a sua resposta

Cantamos porque chove sobre o sulco
E somos militantes desta vida
E porque não podemos nem queremos

Deixar que a canção se torne cinzas.

Antologia Poética – Mário Benedetti

* (A Renata, parceira no blog, me mostrou um poema que seu irmão colocou pra ela no Orkut, dai, achei da hora colocar aqui. Muito massa.)

Nenhum comentário:

Seguidores

Revista Palmito City