terça-feira, 19 de julho de 2011

FRAGMENTOS DE TEXTOS: O MENINO INCENDIÁRIO

Algumas poesias do livro O Menino Incendiário do jornalista Carlos de Bayma.
Maravilhosas poesias que lembram a infância de cada pessoa em algum lugar.


Lírica

Liame entre palavras

arquitetando melodia.

Feixe de luz se prestando a cores.

Sinais no céu.

Passos no chão.

Tempo de gostar.

Gestos cintilam ligeiros

encenando o fim da espera.

Nada é que não seja de antes.

Dia após noite.

Cor branco-rosada

despertando cidades.

Lima Campos esquecida

no silêncio das casas.

Como era mesmo Lima Campos?

Radinho de pilha.

A voz da voz local.

Conversas a caminho do mercado.

Tem cara de ontem.

Cara muito de ontem.


Rua

Árvores.

Cruzar a pé

rumo à escola cedo.

Os pequenos comparsas

se juntando.

Bola de gude,

traques e espoletas mil.

Invenções de surpreender.

Férias era “aquela coisa”.

De um lado

para o outro.

Calça a chinela!

Compra isso. Aquilo e mais.

Já era outro ano.

Às vezes outra casa.

Aí tudo começava de novo.

De um lado para o outro

com os pés no chão

e a cabeça bem embaixo do céu.


Cenário

Bugigangas e colares indígenas

sob o peitoril.

Aquela mulher por trás do balaio

tem rumo de tia minha.

No tento que anda a vida

eu fico uns dias por aqui.

E não seria muito

querer fazer o ginásio.

Sei não.

O homem que comprava era um janota.

Acho que ele qualquer dia sai

pra prefeito ou deputado.

Tenho até medo.

Faz dias curió não canta aqui.

Segunda-feira eu começo no quinto ano.

Olha eu! Depois te conto.

Já pensou se viro doutor?

Sei não. Sei não mesmo.


Hoje cedo

Café na mesa.

Pão esperando manteiga.

Frutas. Queijo.

Não permaneci ali.

Para ir mais longe:

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