Lírica
Liame entre palavras
arquitetando melodia.
Feixe de luz se prestando a cores.
Sinais no céu.
Passos no chão.
Tempo de gostar.
Gestos cintilam ligeiros
encenando o fim da espera.
Nada é que não seja de antes.
Dia após noite.
Cor branco-rosada
despertando cidades.
Lima Campos esquecida
no silêncio das casas.
Como era mesmo Lima Campos?
Radinho de pilha.
A voz da voz local.
Conversas a caminho do mercado.
Tem cara de ontem.
Cara muito de ontem.
Rua
Árvores.
Cruzar a pé
rumo à escola cedo.
Os pequenos comparsas
se juntando.
Bola de gude,
traques e espoletas mil.
Invenções de surpreender.
Férias era “aquela coisa”.
De um lado
para o outro.
Calça a chinela!
Compra isso. Aquilo e mais.
Já era outro ano.
Às vezes outra casa.
Aí tudo começava de novo.
De um lado para o outro
com os pés no chão
e a cabeça bem embaixo do céu.
Cenário
Bugigangas e colares indígenas
sob o peitoril.
Aquela mulher por trás do balaio
tem rumo de tia minha.
No tento que anda a vida
eu fico uns dias por aqui.
E não seria muito
querer fazer o ginásio.
Sei não.
O homem que comprava era um janota.
Acho que ele qualquer dia sai
pra prefeito ou deputado.
Tenho até medo.
Faz dias curió não canta aqui.
Segunda-feira eu começo no quinto ano.
Olha eu! Depois te conto.
Já pensou se viro doutor?
Sei não. Sei não mesmo.
Hoje cedo
Café na mesa.
Pão esperando manteiga.
Frutas. Queijo.
Não permaneci ali.
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