quinta-feira, 24 de junho de 2010

CRÔNICAS DO INTOLERANTE


Duras penas sofria Teodor d´ Finkalle ao perceber que seu salto havia sido alto demais.

Ao olhar a sua volta naquela grande praça onde as putas comiam o pão da madrugada e bêbados amontoados em enxames incontáveis vomitavam o flagelo ventral cozido nas tripas, via-se mesmo perdido em meio a tudo aquilo sem saber decifrar por si mesmo quem era.


Finkalle! Gritou, então, ao longe uma sombra escrota que não dava para ser reconhecida. Teodor d´Finkalle? Quantos passados faltam para costurar o manto que imagina sossegar o teu frio? Olha lá em cima! Vê o tamanho da lua? Vês também Jupiter mais abaixo? Não é um mau sinal, julgando pelo meu olho de observador de satélites, ele está alguns centrimentros desalinhado do comum, significa que alterações comportamentais sobrevirão estes dias sobre as pessoas, de que ordem? Dificil de saber!

Anda! ajunta tuas coisas, isto não é lugar para um homem de passado como o teu! Amanhã esta praça já estará vazia e a escória da calçada será lavada pelos empregados municipais. Vem cá nobre cavalheiro, tem um abrigo logo ali onde descansaremos a observar como a luz do grande astro da noite se mescla a luz do grande astro do dia, ou senão durma.

Finkalle seguiu a sombra e a pouco caiu em sono profundo e até então não o viu mais. Notou contudo nos dias seguintes que as pessoas estavam de fato diferentes. Não eram mais as mesmas que via nas praças em estado de displicência e leviandade total. Lembrou da esdrúxula figura noturna e também passou a observar os movimentos cósmicos e ler as pessoas a partir das mudanças dos tempos. Enfim, abriu sua boca e sussurrou em respiração profunda: Estão mesmo todos mudados! E os tempos já são outros! Melhor ver o que me diz a lua esta noite para não ser surpreendido por transtornos imprevistos vindo destes meros fantoches das danças dos planetas!

(A despedida de Fiodor d´Finkalle)
Intolerante

Um comentário:

Ana Caroline disse...

Crônicas da realidade (:

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