quarta-feira, 8 de abril de 2009

A GAIOLA DOS PERIQUITOS

Certa vez desci na parada de ônibus de Taquaralto para pegar um outro para Taquaruçu e não tinha o cartão de passe, corri até uma cabine pequena, fechada, sufocante em que duas mulheres suadas e agoniadas se atropelavam para colocar créditos nos cartões da fila que estava imensa. Para piorar, não tinha troco suficiente, final da história, acabei pagando mais do que devia para ir e voltar de Taquaruçu.

Daí pensei, não é justo. A empresa de ônibus submete estes empregados a uma situação caótica de trabalho, não dá as condições suficientes para o trabalho (troco, espaço, salário bom), e ainda têm que ouvir dos clientes insatisfeitos o que o chefe deveria ouvir.

Fui então na estação APINAJÉ para tirar fotos e fazer está matéria sobre a situação que o empregado fica dentro daquela cabine, mas parecido com uma GAIOLA DE PERIQUITO, do que um espaço de trabalho. Por coincidência, ao chegar lá me deparei com o papel colado no vidro, como você vê abaixo.


O povo chegava e dizia: “põe tanto de credito”, e a moça respondia: “está fora do ar!” E o povo xingava, que droga, e o que eu faço moça, e ela dizia, espera! Enquanto isso, no QG da empresa, o chefe devia estar numa sala com ar condicionado e emitindo ordens.

Na gaiola de periquitos os pobres empregados ficam sufocados, a fila imensa pressiona e no final do dia deve bater aquela angustia miserável de querer que o dia acabe logo para poder ir para casa descansar para começar tudo de novo.

Não está certo! O capital de Max foi escrito já faz um tempo. Já remoeram, discutiram lutaram, mas as coisas continuam igualzinho ao sistema de industrialismo acusado por ele.

Agora o pior. Pouco depois que a moça viu que eu tirava foto da cabine, ela tratou de arrancar o papel que tava colado, pois, vai que é a impressa (que também não ta nem ai pra isso) e ela aparece no jornal, pode perder o emprego e como fica a situação em casa?

Na gaiola de periquitos, o empregado protege o patrão para manter a saúde do seu mísero salário. É compreensível, mas inaceitável.

E na campanha da gestão, entrevistas do tipo: “veja como as coisas melhoraram. Empregamos pessoas e blá, blá, blá”. Emprega mesmo, mas no sistema escravista, não há suporte para a demanda, nem mesmo respeito pelas condições de trabalho ao qual a pessoa é submetida.

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