quarta-feira, 11 de março de 2009

PRÉVIA PARA O SHOW DO RACIONAIS MC´S EM PALMAS


O RAP E NÓS

por Carlos de Bayma*
“Queria ir ao show. Será que vai ser tranqüilo? Afinal, a periferia vai estar em peso!”. Aí, eu pensei comigo: “não é na favela que reside as mais terríveis vilezas. É, antes, nos paços da realeza”.

O rap está por aqui desde a chegada dos primeiros moradores. Dentre as famílias que plantaram aqui suas casas, vários garotos e rapazes traziam fitas cassetes com canções de rap e, vez por outra, brincavam de fazer rimas. Nessa época o rap ainda não me havia cativado, embora desde sempre já gostasse de embolada, coco, por exemplo. No começo de 1994 ouvi os Racionais MC’s pela primeira vez. O Raio X do Brasil me conquistou, um tiro!

De lá pra cá muita coisa mudou. Mudou no mundo, na política, na economia. Mudou no cenário hip hop brasileiro. Em 1998 os Racionais se consagram nacionalmente. Poucos meses passados e o álbum Sobrevivendo no inferno já tinha vendido mais de meio milhão de cópias.

Em 2002 estampei no caderno de cultura de um extinto diário local (Folha Popular) uma matéria intitulada Rap: O grito dos excluídos. Na foto aparecia, entre outros, Robson (Sombras do Hip Hop) e Markim Dazantigas – que mais tarde gravaria o primeiro CD do gênero no Estado. Alimentávamos o desejo de ter uma associação envolvida na pesquisa e difusão do hip hop.

Nesse mesmo ano conhecemos o Nada como um dia após o outro dia, duplo, muito bom. Como um dia após o outro, as coisas continuaram mudando. E mudou também a maneira das pessoas verem o grupo. O rap havia rompido o cordão que o mantinha na periferia. Ricos, pobres, pretos ou brancos ouvindo rap.

Em 2009, mais precisamente no dia 14 de março, Palmas recebe o maior show de rap do país. Os Racionais MC’s pela primeira vez no Estado, cantando músicas novas e também as clássicas, que não podem faltar.

Já ouvi uma pessoa dizer: “Queria ir ao show. Será que vai ser tranqüilo? Afinal, a periferia vai estar em peso!”. Aí, eu pensei comigo: “não é na favela que reside as mais terríveis vilezas. É, antes, nos paços da realeza”. Relembrei o Mano Brown, em entrevista ao Roda Viva (TV Cultura), falando que na periferia as pessoas têm bom gosto.

Além do mais, a comunidade hip hop de Palmas e os milhares de apreciadores do estilo são pessoas do bem. Mas as letras não falam de violência? Sim. As canções falam das diversas modalidades de violência a que seres humanos são submetidos nas periferias de grandes e pequenos centros urbanos. Mas o tema central é a paz. Pois acreditamos que todos podem viver em paz!

“Será que vai ser tranqüilo?”. Sim, será tranqüilo. Além do forte esquema de segurança montado pela organização do evento, a periferia celebra em paz mais um passo nessa caminhada. É nós!

* Carlos de Bayma é jornalista, escritor e compositor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caralho! eu to ouvendo direito???? o.O racionais aqui????????????
Num acredito!
Só resta agora um organizador FPD cobrar o olho da cara para ver os maluco da periferia!

Fora isso mano marrom vale ouro!

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