terça-feira, 31 de março de 2009

A BANDA E O SISTEMA MIDIADITICO


Os caras de uma banda trocavam idéia em uma mesa de bar. Um outro fulano chega com um amigo pouco conhecido e apresenta: “esse cara aqui trabalha na TV”. Papo vai, papo vem, os caras falam da banda, o cara fala do programa que tem na afiliada da Rede Globo local. É quando o mais preocupado com a ascensão da banda indaga: “Pô! Leva a gente lá no programa!”

Dias atrás a mesma banda estava dizendo que as bandas que vão em programas são bandas vendidas, que perderam sua característica, que estão ficando pop.
A partir daí, surge o questionamento, até que ponto aparecer na mídia é deixar de ser o que é ou cabe a uma devida interpretação.

O meio de comunicação televisionado, em jornal de folha, radio, entre outros meios, servem para divulgar, levar as pessoas que não conhecem um trabalho novo, até então desconhecido. Mas, pelos círculos alternativos do rock, ficou muito praguejado que banda que ta na mídia é banda vendida, pop, e vice e versa.

Acaba que, a banda mais trash que mete o pau nesse tipo de veiculação, quando tem a chance de aparecer na mídia fica toda acessa, feliz, mandando mensagens por torpedo ou Orkut dizendo: “se liga ai! Amanha no meio dia a gente vai aparecer na TV!” E ai fica a pergunta, até onde a critica sobre o aparecimento na mídia é verdadeiro ou não.

Cabe, portanto algumas observações a este respeito.

Quando alguém for falar de uma banda na mídia tem que saber muito bem sobre o que está falando

O exemplo acima da banda numa mesa de bar é apenas para retratar a segurança que alguém deve ter na hora de abordar este assunto, pois, pode ser que os membros de uma banda digam que aparecer no Jornal do meio dia é estar se vendendo e na primeira oportunidade que tiver vende até alma para estar lá.

Segundo, a mídia é importante sim desde que a banda mantenha sua característica.

O grande problema da mídia é a pressão que gera sobre os indivíduos de uma banda. Por exemplo, uma banda de hardcore é convidada para aparecer em um programa midiadico, e antes da apresentação os caras se reúnem e falam uns com os outros: “e ai? O que a gente toca? Ahh, vamos fazer um lance mais LIGHT, tipo, pra não ser ignorados. Ai pecou! Faliu! Deu com os burros nágua.
Não pode, se os caras querem levar lá é importante que fique bem claro que tipo de banda estão levando. Nada de lance light, toca a porra da música que tocam meu! Deixa o pau quebrar a torto e a direita e que se fodam!

Outra, não pode deixar a mídia acabar com a banda.

Quando o Rolling Chamas veio aqui em Palmito City, eu estava assistindo o Jornal do meio dia. Daí os caras tocaram daquele jeito mais piegas que a repórter que não sabe de nada submete, com um violão e totalmente sem saber o que fazer. Então, quando começam a tocar a repórter tira o microfone e deixa os caras de fundo parecendo idiotas e fica falando: “pois é, hoje as 22 horas lá no lugar tal a banda vai se apresentar, Sandro é com você! Pra puta que pariu, eu no meu sofá me perguntei, que porra é essa? Não deu nem pra ter idéia de que tipo de música os caras tavam tocando, a noite, quando fui no show é que vi de verdade o que era a banda. Os caras mandando um rock´n´roll de responsa e ainda fritando salsicha vegetariana no palco.

Mais, tem bandas que são criadas pela mídia, tem outras, que a mídia aproveita da sua efervescência.

Certa vez estava assistindo o Altas Horas com o Cássio e apareceu uma banda chamada Mop Top pela primeira vez em canal de grande alcance. Falei logo, vixe, lá se vem mais uma banda produzida pela Globo, mas daí os caras tocaram aquele Indie parecido Strokes em português e depois o Serginho perguntou, “como foi que vocês ficaram famosos, o vocalista respondeu: “Pelo site Bandas de Garagem”. Daí, no mesmo momento atiçou minha curiosidade a respeito da banda. Não era uma banda interessante até o momento para o mercado até que eles próprio atraíram para si. Como os Mamonas Assassinas que a cada aniversário da banda o Gugu faz questão de repetir a historia da banda. Ao contrario do KLB, que já é um fantoche de produções caras, mas que a música não vale bosta de nada.

A mídia não é ruim para uma banda considerando estes pontos dados. Também no começo, não se pode empolgar com ofertas baratinhas, não senhor! Uma banda é uma obra de arte, é algo que merece respeito, mas começa pelo principio de que os caras mesmos que devem se respeitar. Tipo, quer levar a gente nessa porra ai, a gente vai por que é bom pra divulgar, mas vai ser do nosso jeito ou nada feito! Entendido? Então, bola pra frente e longa vida ao rock´n´roll!

(Extraido da apostila para a palestra ROCK NA CORDA BAMBA, que será ministrada no FESTIVAL BURRADA)

2 comentários:

PC disse...

Bom dia...
Cara, acho que as bandas da cena independente, em regra geral, sofrem da “síndrome do underground “, e muitas vezes isso limita o trabalho, hipócrita daquele na minha opinião que quer ficar o tempo inteiro de baixo da terra.
O grande lance é isso que vc escreveu, usar a mídia quando possível e da maneira correta!
Música boa não pode ficar escondida, aliás, se for boa mesmo, ela por si só se apresenta.
Abraço, o blog ta bom, instigando o leitor.

Fernando disse...

cara, o seu texto ta perfeito...
acho que tem bandas independentes que encaram com naturalidade...não são nóias e nem hipócritas. Apenas cagam para a maneira como a mídia tradicional ainda se relaciona com as bandas...

deixo uma sugestão de uma banda com um puta som..escuta o Instiga...
curiosamente lançaram um disco chamado "Tenho uma banda" ..da pra baixar no site deles (toda a discografia)
www.instiga.com

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