domingo, 7 de junho de 2009

A MALDIÇÃO DO CAPIM DOURADO

Foto tirada na comunidade Mumbuca

Domingo passado eu vinha da Praia da Graciosa e antes de chegar na construção que estão fazendo do Shopping Capim Dourado, acreditem, um Tamanduá Mirim cruzou o meu caminho atravessando as duas avenidas.

Hoje, agora a pouco (06 de junho de 2009) voltando da praia novamente, me deparei desta vez com uma raposa, grande, bela, encantadora; no mesmo local, atravessando as duas avenidas no sentido Restaurante Ecológico construção do Shopping.

Antes disso, o solo dessa região onde esses animais atravessam foi saturado de todas as formas: cavado, remexido e aberto valas imensas, depois, quando a gente passava indo para a UFT, não havia quem agüentasse a catinga do óleo diesel. Grandes tanques de diesel foram derramados na parte que compreende esta que estou falando. De qualquer parte do centro de Palmito City poderia se sentir o escabroso e medonho cheiro do progresso.

Eu penso, que foi esta situação que provocou a inquietação destes animais raros desta região.

Agora pense comigo, a bosta desta cidade é um maracanã para uma pelada de 4 jogadores, as áreas refussadas são imensas, por que a desgraça deste Shopping tem que ser construído dentro de uma reserva onde os animais característico do que restou do cerrado vivem?

Eu passei dois domingos seguidos apenas e vi duas espécies de animais em inquietação, imagina o que não deve ser visto ao longo da semana.

Mas a maldição do Capim Dourado não vem só com o nome do Mercado das Almas não, ela esta profetizada no próprio capim.

Quando a Daslu caiu e foram avaliar os produtos e seus preços, essa bolsinha de capim que sai a preço de mereça das mãos de quem faz aqui em Tocotins, estava sendo vendida a valores do tipo quatro, cinco, seis mil reais.

Uma professora que tenho nazista, hipócrita e neoliberal, safada, vagabunda, disse que estava participando de um grupo que estudava a possibilidade de enviar a semente do bendido capim para ser plantado nos EUA, pois sabe-se que a difusão do capim no campo se tá pela distribuição da semente pelo vento, que é tão pequena quanto o polén, de modo que ninguem consegue reunir e plantar fora deste processo natural.

Então, repare só, a maldição do Capim Dourado se estende deste a exploração dos cultivadores do capim, até as coisas relacionadas a ele. Por exemplo, certo dia eu tava em uma conveniência e peguei no caixa um panfleto que falava de um lugar que seria inaugurado chamado MUNBUCA – nome este que se refere a comunidade Munbuca do Jalapão tradiconalmente conhecida por colher e confeccionar o capim dourado. Me empolguei, pensei, porra, vai ser um lugar bacana, com arvores e uma relação forte com a comunidade, era o que deixava claro o folder, a noite fui lá, e já me chapou saber que o lugar era no lugar de um antigo buteco refinado burguês. Depois, o som que rolava era do Capital Inicial Acústico, nada contra, mas não era para ser algo tal qual a comunidade vivencia?
O prato mais caro do lugar tem o nome de capim dourado e diz lá que se você comprar ele a comunidade vai ser beneficiada com um certo tanto, mentira, pelo que eu sei dos amigos que desenvolvem projetos por lá é que o povo nem sabe bem o que é esse gueto de filé de rato.

Voltando a questão inicial, não sei o que os estudantes de engenharia ambiental, professores do curso e demais pessoas que entendem a gravidade da situação pensavam quando tinham que tapar o nariz quando passavam por aquela região, ou o que pensam agora cruzando com animais raros e ao verem aquela imponente construção babilônica sendo erguida em uma reserva que deveria ser mantida intocável a qualquer custo, mas quanto a mim, sinto vontade de passar direto, cruzar a ponte e saber de longe que por ali onde a cidade menos esquenta, virou a entrada de cidade mais comercialmente apoteótica, já que com o levantamento do tumulo das mentes pobres veio também a expansão domiciliar de prédios e condomínios de luxo que já apontam os seus narizes junto as águas do lago. Parabéns mais uma vez Senhores que coordenam as rédeas desta mula, logo, logo, vós conseguireis transformar Palmito City na cidade numero um do país – como querem – mas, em índices de câncer de pele por causa do sol e demais lastimas das quais os paises de primeiro mundo de verdade já estão se reorganizando para consertar os equívocos cometidos agora por aqui.

3 comentários:

P disse...

Devo compartilhar contigo a respeito do shopping em construção que junto a ele foi formulado o Bosque da Borboleta Azul, numa área de alguns tantões de kilometros onde preservação é a palavra de ordém. O plano é amenizar o impacto e tudo o mais e ainda fazer uma contribuição ao meio ambiente para se redimir um pouco diante a mãe natureza. Só publicidade, mas já é mais do que nada. Além do mais eles também receberam o selo de aprovação da Carbonnew do Tocantins por politicas sócio-ambientais e essas coisas de ecologia e blá blá blá.

Se é o que de fato está acontecendo ou não é o que estamos vendo, talvez nunca vamos chegar a uma conclusão.. Mas são informações importantes para implementar sua opinião :)

Rê disse...

Bem colocado...
Mais uma atrocidade escancarada dentro desse covil de cobras que é essa cidade...
O fato de conseguir selo de aprovação só mostra como os institutos e ou orgãos que lidam com a questão são negligentes e vendidos! Há vários casos comprovados e desvendados em outros lugares do Brasil... mas em alguns casos o envolvimento dos orgãos de governo se mesclam com os interesses do empresariado aí o tapete é o melhor lugar para armazenar certas informações!
Ahh e parece q o líder do empreendimento é estrangeiro ( isso já mostra como iniciativas como essas apoiam o talento e a mão-de-obra regional hein)... enfim... A UNICA PREOCUPAÇÃO É GANHAR DINHEIRO... MUITO DINHEIRO!
Já podemos tirar conclusão de que a degração existe, é grande e vai ser muito maior quando os condominios fechados, estacionamentos particulares, rede de supermerados começarem a se instalar nos arredores daquele cerradão...
Só quem já viu o olhar perdido de um animal como o tamanduá mirim todo atrapalhado com seu andar lento tentando atravessar a pista, pode dizer se já tem impactos ou não!
Não há responsabilidade ambiental NENHUMA, não há responsabilidade social tão pouco... porque enquanto o nome de campim dourado é usado por grandes empreendedores as mulheres que no próximo dia 20 de setembro saem pelo Jalapão em busca do capim, vivem em péssimas condições ( de moradia, saúde, educação, saneamento, segurança alimentar...)pois o estado não cumpre com seus deveres básicos... A PIONEIRA DO CAPIM DOURADO RECLAMA PORQUE NÃO TEM AGUA EM CASA e a fonte é longe... ELA DIZ QUE SEU SONHO ERA LAVAR AS VASILIAS EM UMA PIA DENTRO DE SUA CASA PORQUE ESTÁ VELHA E CANSADA! e o descaso se repete na vida das outras mulheres que detem a arte de lidar com o capim, de geração em geração, respeitando e preservando o meio em que ele se reproduz...

Rê disse...

achei essa reportagem aqui... tem algumas informações

http://www.ojornal.net/ojornal/index.php?option=com_content&task=view&id=1439

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